Pela abolição da escravatura animal

     



    No passado, a mulher foi considerada um objeto com valor econômico, não uma pessoa, tal como ainda acontece no tráfico de mulheres atual. Como não era pessoa, não tinha direitos, apenas deveres para com seu senhor. Era avaliada como se avaliavam os escravos, como fonte de poder econômico, objeto sexual e trabalhadora braçal, nos campos e no lar.

    Assim como as mulheres outrora eram relegadas à posição de objetos pelos homens, hoje os animais ainda são tratados dessa forma. Sendo entes com vida autônoma, sensibilidade e sentimentos, são escravizados, oprimidos e o ser humano, em sua arrogância, considera-se no direito de tirar-lhes a vida quando bem entende. A mesma arrogância dos feminicidas, que matam mulheres todos os dias, é a arrogância dos assassinos de animais, que nos matadouros e fazendas viola o caráter sagrado da vida, direito fundamental e inalienável. A escravidão e exploração dos animais não-humanos apresenta várias vertentes: para alimentação, para vestuário, para sacrifícios religiosos, para trabalho, para diversão, para experimentos científicos. A alimentação predatória escraviza os animais em nível extenso: sua vida e sua morte são decididas pelo ser humano.

    À guisa de exemplo, a indústria do leite escraviza sexualmente as vacas e bezerras, que por sua condição feminina são oprimidas e sugadas sem piedade. Passam por esteiras de estupro, sendo inseminadas à força por máquinas para engravidarem. Mães têm seus bezerros roubados: seu choro não conta para demover o coração de seus algozes. Seu leite é retirado de forma dolorosa, por ordenhadeiras à vácuo, sem descanso. No fim de sua vida, curta para os padrões de uma vaca selvagem, a vaca leiteira é morta no matadouro, com golpe na cabeça, choque elétrico ou meios ainda mais cruéis.

    O animal-escravo não pode fugir, como os escravos da África antigos, que fugiam para os quilombos. Submetido ao trabalho forçado, a maus-tratos, à fome e à sede, por vezes morre de cansaço, como muitos casos de cavalos, mulas e jumentos, que, até hoje, em muitas cidades, carregam cargas pesadas nas costas ou puxam charretes, carroças lotadas de utensílios etc. Em Paquetá e em Petrópolis, municípios do Rio de Janeiro, acabou a escravidão dos cavalos com o fim das charretes turísticas. Em Natal, Rio Grande do Norte, por outro lado, catadores usurpam o trabalho dos garis e recolhem lixo fustigando e maltratando pobres animais, por vezes cansados e mancos.

    O que choca mais, no entanto, é que os jumentos, tão explorados para o trabalho, vêm sendo mortos em matadouro que os exporta para a China. O Brasil jamais teve tradição de matar jumentos e, agora, trai de forma covarde esses escravos dóceis que tanto trabalham.

    A ciência, por sua vez, que outrora foi a luz a guiar a razão humana, com tantas mentes como Hipátia, Ptolomeu, Sir Isaac Newton, Galileu, Marie Curie, hoje é autora das maiores crueldades contra os animais usados como cobaias. A ciência iluminada se tornou ciência vampiresca, imaginando novos experimentos cada vez mais dolorosos e os efetuando às custas do dinheiro público.

    Nas ruas brasileiras, vê-se com muita frequência o cúmulo da opressão dos animais: os sacrifícios animais, de galinhas e até pássaros como calopsitas, que são cruelmente mortos e expostos nas esquinas, de forma bárbara. As maiores crueldades são feitas contra esses seres inocentes, em prol dos ritos e tabus dos seres humanos. Quanto aos pássaros, suas penas são violentamente arrancadas para serem usadas nos desfiles das escolas de samba, além de serem comercializados e enclausurados em gaiolas, sem o direito à liberdade de poder voar e cantar.

    Rodeios, circos, aquários: o ser humano aniquila os sentimentos, a vida e a liberdade dos animais até parra diversão e esportes. Caça, pesca esportiva e touradas são outros exemplos.

    Quando houve a escravidão dos africanos, as mulheres foram as primeiras a protestar: Nísia Floresta, Maria Firmina dos Reis, Harriet Beecher Stowe, as irmãs Grimké. As mulheres foram abolicionistas pioneiras, posicionando-se ao lado da justiça, ao lado dos escravos. Agora, quando a escravidão dos animais é tão cruel, a abolição é urgente e seu caminho é o veganismo.

Comentários

  1. O futuro é vegano. Apoiamos a Escola Vegana e Feminista Carmen Sol, fundada pela nossa querida diretora, Carmen Sol. Beijos, Carmen!💕

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