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Salgueiro homenageia ianomâmis e faz alerta sobre defesa da Amazônia

O enredo do Salgueiro teve inspiração no livro de Davi Kopenawa (no centro da foto).

Parabéns à Ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara que pediu para o Salgueiro só utilizar penas artificiais nas fantasias da Escola de Samba. Toneladas de plumas provenientes dos pássaros são utilizadas pelas escolas de samba apenas no Rio de Janeiro e São Paulo. Os animais são vítimas, pois têm suas penas cruelmente arrancadas para satisfazer a vaidade de homens e mulheres na avenida do samba. Essa maravilhosa iniciativa de utilização de penas artificiais já é por si só um avanço na preservação dos pássaros!

A escola de samba Salgueiro fez homenagem ao povo ianomâmi neste carnaval, com o enredo “Hutukara“, que significa “a parte do céu do qual nasceu a terra“. A grande festa também ressaltou a preservação da Amazônia e luta contra o garimpo ilegal. No refrão, os salgueirenses entoaram a expressão “Ya temi xoa, aê, êa!”, que pode ser traduzido como “eu ainda estou vivo”, na língua Yanomami. O desfile da agremiação foi no domingo (11/2/2024), e esteve também presente no Desfile das Campeãs, sábado, 17 de fevereiro de 2024, no Sambódromo da Av. Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro.

“Queremos sua ajuda. Queremos que você defenda nosso planeta Terra, nossa saúde, nossa língua, nosso xamã, nossa sabedoria, nossa música, nossa alegria. É por isso que vocês estão escolhendo uma música muito importante para todos ouvirem”, afirmou Davi Kopenawa, xamã e líder espiritual do povo ianomâmi.

Veja a letra do samba de enredo:

“É Hutukara! O chão de Omama
O breu e a chama, Deus da criação
Xamã no transe de yakoana
Evoca Xapiri, a missão…

Hutukara, ê! Sonho e insônia
Grita a Amazônia, antes que desabe
Caço de tacape, danço o ritual
Tenho o sangue que semeia a nação original
Eu aprendi português, a língua do opressor
Pra te provar que meu penar também é sua dor
Falar de amor enquanto a mata chora, (bis)
É luta sem Flecha, da boca pra fora!

Tirania na bateia, militando por quinhão,
E teu povo na plateia, vendo a própria extinção
“Yoasi” que se julga: “família de bem”, (bis)
Ouça agora a verdade que não lhe convém:

Você diz lembrar do povo Yanomami em dezenove de abril,
Mas nem sabe o meu nome e sorriu da minha fome,
Quando o medo me partiu
Você quer me ouvir cantar em Yanomami pra postar no seu perfil
Entre aspas e negrito, o meu choro, o meu grito, nem a pau Brasil!
Antes da sua bandeira, meu vermelho deu o tom
Somos parte de quem parte, feito Bruno e Dom
Kopenawas pela terra, nessa guerra sem um cesso,
Não queremos sua “ordem”, nem o seu “progresso”

Napê, nossa luta é sobreviver!
Napê, não vamos nos render!
YA TEMI XOA! aê, êa! (bis)
Meu Salgueiro é a flecha
Pelo povo da floresta
Pois a chance que nos resta
É um Brasil cocar!”

Fonte: Correio Braziliense,

postado em 10/02/2024.

https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2024/02/6800945-salgueiro-homenageia-ianomamis-e-faz-alerta-sobre-defesa-da-amazonia.html

Comentários

  1. Excelente homenagem ao povo ianomâmi. O samba foi emocionante, assim como o da Luísa Mahin. Precisamos mesmo de mudanças na estrutura carnavalesca, de todas as formas possíveis: dando foco à defesa das pessoas injustiçadas, promovendo mais igualdade entre os sexos e combatendo a vil tradição da objetualização da mulher, mas também parando de utilizar penas e não mais ceifando as vidas de inocentes que são os pássaros. Parabéns, Professora Carmen Sol! Inclusive reblogamos seu post quando você primeiro o publicou no blog pessoal "Cigana Vegana", de link ciganavegana.wordpress.com

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